> Sábado, 30 de Novembro, 15h30
> Lisboa, Convento da Encarnação
> Concerto integrado na Temporada “Música em São Roque”, organizada pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa
> Mais informações em http://www.scml.pt/musica_em_sao_roque/
PROGRAMA
“As Paixões de Guimarães”
Segundo o códice crúzio SL 11-2-4 da Sociedade Martins Sarmento
Passio Domini nostri Jesu Christi secundum Matthaeum
Miserere mei, Deus
Passio Domini nostri Jesu Christi secundum Johannem
Benedictus
Litania Defunctorum
Voces Caelestes
João Rodrigues, tenor
Manuel Rebelo, barítono
Carlos Pedro Santos, barítono
Sérgio Fontão, direcção
Neste concerto, o grupo vocal Voces Caelestes foi constituído pelos seguintes 12 cantores:
Sopranos
Mariana Moldão
Mónica Santos
Rosa Caldeira
Altos
Joana Nascimento
Manon Marques
Michelle Rollin
Tenores
Frederico Projecto
Jaime Bacharel
João Valido Vaz
Baixos
José Bruto da Costa
Pedro Casanova
Ricardo Martins
Breve nota sobre o programa
por José Maria Pedrosa Cardoso
Este concerto resulta de um importante códice musical existente na Sociedade Martins Sarmento (Gs SL 11-2-4), em Guimarães, composto cerca de 1580. Trata-se da música da Semana Santa, na qual é especialmente relevado o canto dramático da Paixão de Cristo, tal como se cantava em Santa Cruz de Coimbra no século XVI. Sabe-se desta evidência pelo facto de existir na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra um códice similar, infelizmente maltratado (Cug MM 56), que teria sido usado na Liturgia do Domingo de Ramos, da Terça, Quarta e Sexta-Feira Santas. O facto de este livro de música se encontrar em Guimarães deve explicar-se pela mesma razão de, entre os três livros de música existentes na Biblioteca Nacional de Portugal que pertenceram ao Convento de Santa Clara de Guimarães, existir um (Ln LC 59) proveniente de Santa Cruz de Coimbra com música de D. Pedro de Cristo, um dos principais compositores daquele mosteiro crúzio e o autor provável das principais polifonias deste códice: uma explicação que a história regista devido à irradiação da importante música criada no dito Mosteiro de Coimbra por outros centros religiosos do nosso país.
Descoberto que foi este códice, devidamente estudado e contextualizado em tese de doutoramento, primeiro, e logo preparado para sair a público em edição fac-similada e cuidadosamente apresentada, com a respectiva transcrição para música moderna, graças ao investimento de Guimarães Capital Europeia da Cultura 2012, assim se tornou possível a execução moderna da música utilizada na Semana Santa de Coimbra e Guimarães. Na música das duas Paixões, que aqui vão ser cantadas, e em relação ao que acontecia já em todas as igrejas portuguesas do século XVI, em que o tonus passionis era muito diferente do praticado em toda a cristandade, sobressaem duas autênticas novidades: a primeira é a existência de alguns versículos da Paixão cantados a três vozes, especialmente alguns ditos de Cristo, assim obviamente enfatizados; e a segunda é um canto monofónico claramente mensuralizado, isto é, submetido a regras de ritmo por vezes muito diferenciado. Tudo o qual se explica pela mística da Paixão concebida no Mosteiro de Santa Cruz, justificando bem o seu nome, e pela fama que tiveram os cantores do mesmo Mosteiro, reconhecida até na vizinha Espanha.
Este concerto das antigas Paixões de Guimarães, e Coimbra, vai ser acompanhado por duas versões salmódicas e uma ladainha de defuntos, a quatro vozes, do mesmo códice da Sociedade Martins Sarmento e terá ainda o contributo especial do canto das turbas da Paixão composto por D. Pedro de Cristo, tal como existe na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (Cug MM 18 e MM 53).
Apresenta-se, assim, em versão de concerto, e pela primeira vez em Lisboa, o canto solene da Paixão, tal como se teria feito em Guimarães, provavelmente na Colegiada da Oliveira, a partir do século XVI, no qual o texto do Evangelho era assinalado por três diáconos cantores, os quais, além de executarem a três vozes os versos especiais acima referidos, repartiam entre si o drama da Paixão cantando em diferentes níveis de recitativo, os papéis de narrador, do Cristo e dos restantes personagens intervenientes no relato evangélico.
> Lisboa, Convento da Encarnação
> Concerto integrado na Temporada “Música em São Roque”, organizada pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa
> Mais informações em http://www.scml.pt/musica_em_sao_roque/
PROGRAMA
“As Paixões de Guimarães”
Segundo o códice crúzio SL 11-2-4 da Sociedade Martins Sarmento
Passio Domini nostri Jesu Christi secundum Matthaeum
Miserere mei, Deus
Passio Domini nostri Jesu Christi secundum Johannem
Benedictus
Litania Defunctorum
Voces Caelestes
João Rodrigues, tenor
Manuel Rebelo, barítono
Carlos Pedro Santos, barítono
Sérgio Fontão, direcção
Neste concerto, o grupo vocal Voces Caelestes foi constituído pelos seguintes 12 cantores:
Sopranos
Mariana Moldão
Mónica Santos
Rosa Caldeira
Altos
Joana Nascimento
Manon Marques
Michelle Rollin
Tenores
Frederico Projecto
Jaime Bacharel
João Valido Vaz
Baixos
José Bruto da Costa
Pedro Casanova
Ricardo Martins
Breve nota sobre o programa
por José Maria Pedrosa Cardoso
Este concerto resulta de um importante códice musical existente na Sociedade Martins Sarmento (Gs SL 11-2-4), em Guimarães, composto cerca de 1580. Trata-se da música da Semana Santa, na qual é especialmente relevado o canto dramático da Paixão de Cristo, tal como se cantava em Santa Cruz de Coimbra no século XVI. Sabe-se desta evidência pelo facto de existir na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra um códice similar, infelizmente maltratado (Cug MM 56), que teria sido usado na Liturgia do Domingo de Ramos, da Terça, Quarta e Sexta-Feira Santas. O facto de este livro de música se encontrar em Guimarães deve explicar-se pela mesma razão de, entre os três livros de música existentes na Biblioteca Nacional de Portugal que pertenceram ao Convento de Santa Clara de Guimarães, existir um (Ln LC 59) proveniente de Santa Cruz de Coimbra com música de D. Pedro de Cristo, um dos principais compositores daquele mosteiro crúzio e o autor provável das principais polifonias deste códice: uma explicação que a história regista devido à irradiação da importante música criada no dito Mosteiro de Coimbra por outros centros religiosos do nosso país.
Descoberto que foi este códice, devidamente estudado e contextualizado em tese de doutoramento, primeiro, e logo preparado para sair a público em edição fac-similada e cuidadosamente apresentada, com a respectiva transcrição para música moderna, graças ao investimento de Guimarães Capital Europeia da Cultura 2012, assim se tornou possível a execução moderna da música utilizada na Semana Santa de Coimbra e Guimarães. Na música das duas Paixões, que aqui vão ser cantadas, e em relação ao que acontecia já em todas as igrejas portuguesas do século XVI, em que o tonus passionis era muito diferente do praticado em toda a cristandade, sobressaem duas autênticas novidades: a primeira é a existência de alguns versículos da Paixão cantados a três vozes, especialmente alguns ditos de Cristo, assim obviamente enfatizados; e a segunda é um canto monofónico claramente mensuralizado, isto é, submetido a regras de ritmo por vezes muito diferenciado. Tudo o qual se explica pela mística da Paixão concebida no Mosteiro de Santa Cruz, justificando bem o seu nome, e pela fama que tiveram os cantores do mesmo Mosteiro, reconhecida até na vizinha Espanha.
Este concerto das antigas Paixões de Guimarães, e Coimbra, vai ser acompanhado por duas versões salmódicas e uma ladainha de defuntos, a quatro vozes, do mesmo códice da Sociedade Martins Sarmento e terá ainda o contributo especial do canto das turbas da Paixão composto por D. Pedro de Cristo, tal como existe na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (Cug MM 18 e MM 53).
Apresenta-se, assim, em versão de concerto, e pela primeira vez em Lisboa, o canto solene da Paixão, tal como se teria feito em Guimarães, provavelmente na Colegiada da Oliveira, a partir do século XVI, no qual o texto do Evangelho era assinalado por três diáconos cantores, os quais, além de executarem a três vozes os versos especiais acima referidos, repartiam entre si o drama da Paixão cantando em diferentes níveis de recitativo, os papéis de narrador, do Cristo e dos restantes personagens intervenientes no relato evangélico.