11.1.13

Concerto Divino Sospiro & Voces Caelestes: entrevista


José António Tenente entrevista Sérgio Fontão a propósito do concerto realizado no dia 5 de Janeiro de 2013 na Igreja da Senhora da Boa-Nova (Estoril), no qual participaram a orquestra barroca Divino Sospiro, o coro Voces Caelestes, os solistas Sandra Medeiros (soprano), Carolina Figueiredo (meio-soprano) e Filippo Mineccia (contratenor) e o maestro Massimo Mazzeo.

Foi a primeira vez que o coro Voces Caelestes e Divino Sospiro trabalharam juntos. Pode falar-nos um pouco dessa experiência?!
Quando o Massimo (Mazzeo) me propôs que as Voces Caelestes participassem neste concerto, a minha reacção foi de grande entusiasmo, porque admiro muito o trabalho do Divino Sospiro. Isto aconteceu há uns meses, e já nessa altura eu pressentia que esta seria uma colaboração de grande sucesso, porque os dois agrupamentos têm muitas afinidades na forma como encaram a música que interpretam. Essa minha "suspeita" veio a confirmar-se plenamente no decurso dos ensaios e do concerto, o que me leva a crer que esta é uma parceria com pernas para andar, convicção que é partilhada pelo Massimo.

E sobre o programa? O que lhe merece maior destaque?
Foram escolhidas obras de quatro compositores maiores do barroco, o que, por si só, não garante um bom programa de concerto. No entanto, o Massimo conseguiu encontrar um bom equilíbrio entre obras para voz solista (Bach e Hasse) e obras para coro (Buxtehude e o 'Credo' de Vivaldi), terminando com uma peça que inclui a participação de todos (o 'Magnificat' de Vivaldi). Uma solução que merece o meu aplauso.

É sempre um desafio?
E que desafio! Transformar uma partitura, que é algo inerte, numa obra musical viva, orgânica, é um trabalho fascinante. É um acto de criação que alimenta diariamente a nossa paixão pela música.

Há algum repertório que seja mais adequado ao vosso agrupamento, no qual se sintam mais 'em casa', ou podem cantar tudo? (risos)
O primeiro projecto das Voces Caelestes foi uma ópera barroca - a magnífica 'Platée', de Rameau. Foi há mais de 15 anos, e desde então temos cantado um pouco de tudo, da música medieval à criação musical dos nossos dias. Mas regressamos com frequência à música barroca, que nos dá imenso prazer. E foi com um sorriso nos lábios que ouvimos o Massimo dizer, num dos ensaios: "Este é o vosso repertório!”

Próximos projectos?
Em 2013, vamos apresentar um programa de música mariana do século XX 'a cappella' e um programa, igualmente 'a cappella', dedicado a um dos maiores compositores do século passado, Benjamin Britten, assinalando os 100 anos do seu nascimento. Outros projectos incluem música de Beethoven e Mozart. Brevemente, mais detalhes na nossa página do Facebook e no nosso blogue.